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Alexsandro Antonio de Moura (Coordenador de

Santo Ambrósio

O “Estadista” da Igreja


Cerca de um século depois da morte de Orígenes, a patrística alcançaria o seu auge. Entrava em cena Santo Ambrósio (340-397), a quem coube desempenhar o importante papel de precursor e orientador de Santo Agostinho, o pensador mais significativo do período.


Santo Ambrósio descendia de uma influente família romana que tinha se convertido ao cristianismo havia muito tempo. Em sua árvore genealógica encontraram-se tanto mártires da fé cristã quanto membros da alta administração do Império Romano. Nasceu na Gália, território hoje dividido pela Bélgica e França, filho do administrador dessa província romana, Santo Ambrósio perdeu o pai quando era jovem e mudou-se para Roma com sua mãe e sua irmã, onde estudou filosofia, retórica e teologia. Logo transferiu-se para Milão, no norte da península Itálica, onde viveu os anos mais importantes de sua carreira como pensador.


O bispo ¹ de Milão havia morrido em 374, e houve polêmica para a escolha de seu sucessor. Os habitantes da cidade pressionaram para que houvesse a eleição de um novo bispo para chefiar a Igreja local, mas os bispos das regiões vizinhas pediram ao imperador, em Roma, que escolhesse o novo líder eclesiástico por meio de um decreto imperial. Eles temiam que a eleição popular gerasse instabilidade política em Milão, pois existia um número significativo de seguidores de heresias na cidade, majoritariamente do arianismo ². Santo Ambrósio já se destacava como um influente membro da Igreja: seu nome foi sugerido como alternativa conciliadora, com grande receptividade, sendo nomeado bispo no mesmo ano.


A contribuição de Santo Ambrósio para a Igreja.


A principal contribuição de Santo Ambrósio para o pensamento cristão, foi estabelecer com firmeza as relações entre o Estado (o Império) e a Igreja. Tornou-se necessário determinar como as duas instituições deveriam relacionar, pois o cristianismo já exercia, uma influência significativa na política. Isso aconteceu porque os cristãos formavam um grupo bastante numeroso na sociedade, que se comportava conforme as orientações morais dos sacerdotes da Igreja. Já no Império Romano os cristãos constituíam a maioria da população; mesmo entres os governantes, havia muitos seguidores do cristianismo. Assim, o Estado passara a depender do grande poder moral e espiritual que os padres (especialmente os bispos) exerciam sobre os cidadãos. Santo Ambrósio foi talentoso em sua atuação como líder da igreja e hábil político. Escreveu várias cartas para os diferentes governantes que administravam o Império Romano, nas quais dava conselhos, fazia reivindicações para a Igreja e os cristãos, e os advertia para que eles se portassem segundo a moral cristã.


A justificativa usada por Santo Ambrósio para exercer sua autoridade e intervir nos assuntos de Estado, provinha de sua condição de representante da Igreja fundada por Cristo e, portanto, de mediador entre Deus e os assuntos humanos; como bispo, ele era o instrumento por meio do qual as bênçãos ou as condenações divinas eram aplicadas. Segundo ele, assim como todo cidadão devia prestar serviço militar ao Império, o imperador devia se submeter à verdade revelada por Deus. Podemos perceber a influência dessa ideia com um exemplo concreto. Havia no edifício do Senado de Roma uma estátua da deusa Vitória e um altar a ela dedicado. A tradição romana mandava que todos prestassem homenagens a divindade diante desse altar, o que revoltava os cristãos, uma vez que o cristianismo determina venerar somente Deus e não reverenciar nenhuma outra divindade, muito menos um ídolo. Em face da polêmica, Santo Ambrósio escreveu ao imperador atacando essa norma e exigindo o seu fim. Eis um trecho da carta:


“Se fosse uma causa civil, o direito de réplica estaria garantido para a parte opositora; mas é uma causa religiosa, e eu, o bispo, faço uma reivindicação. (...) Certamente, se mais alguma coisa for decretada, nós os bispos não poderemos mais sofrer, como se estivéssemos satisfeitos, e não tomar conhecimento; você, portanto, poderá vir a Igreja, mas não encontrará nenhum sacerdote ali, ou encontrará um que lhe resista” (Epístola 17, Santo Ambrósio).


Em outras palavras, Santo Ambrósio aceita a autonomia do imperador para governar, mas o adverte: se exigir dos cristãos que ajam de maneira contrária a sua fé, não encontrará mais na Igreja o reconhecimento de ser homem digno de receber as bênçãos de Deus.


Santo Agostinho em Milão


Agostinho professou a fé maniqueísta por alguns anos, recebendo o grau de ouvinte, um dos níveis mais baixo na hierarquia da seita. Com o passar do tempo, as ideias do maniqueísmo foram se mostrando insuficientes para Agostinho, que progressivamente se afastou da religião. Aos 28 anos, cético em relação a qualquer fé e cansado da vida de professor em Cartago, onde ministrava aulas de retórica, o pensador partiu para Roma, onde esperava encontrar alunos mais capazes. Logo obteve um cargo de professor em Milão e mudou-se para aquela cidade. Em Milão, Agostinho conheceu Santo Ambrósio, mas, não mantiveram um relacionamento mais profundo. Entretanto, a influência do bispo por meio de seus sermões foi intensa sobre o pensador de Tagaste. Santo Ambrósio era um orador notável e conhecia bem a filosofia grega. Em suas pregações, refletia sobre o cristianismo e o pensamento antigo, mostrando como a fé era necessária para atingir a verdade e enunciando a doutrina segundo a qual a Igreja é a única representante legítima de Deus entre os homens. Isso levou Agostinho a rever suas posições com relação ao cristianismo, iniciando um período conflituoso, em que ele ao mesmo tempo, relutava em aceitar a fé e não se via capaz de prosseguir em sua busca pela verdade, por meio da vida contemplativa.


O conflito na vida de Agostinho, culminou com o episódio narrado por ele mesmo, quando estava num jardim em Milão refletindo:


“Eis que, de súbito, ouço uma voz vinda da casa próxima. Não sei se era de menino, ou de menina. Cantava e repetia frequentemente: “toma e lê; toma e lê”. Imediatamente, mudando de semblante, comecei com a máxima atenção a considerar se as crianças tinham ou não o costume de trautear essa canção em alguns dos jogos. Vendo em que parte nenhuma a tinha ouvido, reprimi o ímpeto das lágrimas, e levantei-me, persuadindo-me de que Deus só me mandava uma coisa: abrir o códice ³ e ler o primeiro capítulo que encontrasse” (Confissões, Santo Agostinho).

Abrindo a Bíblia ao acaso, deparou com a seguinte passagem:


“Como de dia, andemos decentemente; não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem rixas e ciúmes. Mas vesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne” Carta aos Romanos, São Paulo).


Depois desse episódio, Agostinho decidiu receber o batismo, o que aconteceu em 387 pelas mãos de Santo Ambrósio. Passando algum tempo, voltou a sua terra natal e, em 391, foi escolhido pela população de Hipona, uma localidade próxima, para ser o novo bispo da cidade. Agostinho exerceu essa função até sua morte, no dia 28 de agosto de 430.




Entendendo a palavra:


1 - Bispo: Derivado do grego epískopos, que significa “supervisor”, bispo designa o membro da Igreja investido de plenos poderes para administrar uma região onde habita um certo número de cristãos. O bispo chefia os padres e, dentro da organização eclesiástica, deve obediência diretamente ao papa. Atualmente, somente o papa pode escolher e nomear os bispos, mas durante muitos anos, na Idade Média, era comum que a comunidade cristã realizasse uma eleição para determinar quem exerceria esse cargo.


2 - Arianismo: nome dado à heresia surgida no século IV, fundada por Ário, segundo a qual Jesus seria apenas uma criatura divina como todas as outras, ainda que pudesse ser venerado por conta da sua vida e por Deus o haver reconhecido como um homem perfeito. Contudo, ele não poderia ter a essência divina, pois isso era uma exclusividade de Deus, um ser indivisível.


3 - Códice: O códice é a forma mais antiga de livro, no formato retangular como o conhecemos hoje, isto é, uma série de folhas de pergaminho (peles de animais) ou folhas de papel dispostas uma após a outra e amarradas.


Orando com Santo Ambrósio

Senhor Jesus Cristo, eu, pecador, não presumindo de meus próprios méritos, mas confiando em vossa bondade e misericórdia, temo entretanto e hesito em aproximar-me da mesa de vosso doce convívio. Pois meu corpo e meu coração estão manchados por muitas faltas, e não guardei com cuidado meu espírito e minha língua. Por isso, ó bondade divina e temível majestade, em minha miséria recorro a vós, fonte de misericórdia; corro para junto de vós a fim de ser curado, refugio-me em vossa proteção e anseio ter como Salvador aquele que não posso suportar como juiz. Senhor, eu vos mostro minhas chagas, e vos revelo a minha vergonha. Sei que meus pecados são muitos e grandes e temo por causa deles, mas espero em vossa infinita misericórdia. Olhai-me pois com os vossos olhos misericordiosos, Senhor Jesus cristo, Rei eterno, Deus e homem, crucificado por causa do homem. Escutai-me, pois espero em vós; tende piedade de mim, cheio de misérias e pecados, vós que jamais deixareis de ser para nós a fonte da compaixão. Salve, vítima salvadora, oferecida no patíbulo da Cruz por mim e por todos os homens. Salve, nobre e precioso Sangue, que brotas das chagas de meu Senhor Jesus Cristo crucificado e lavas os pecados do mundo inteiro. Lembrai-vos, Senhor, da vossa criatura resgatada por vosso Sangue. Arrependo-me de ter pecado, desejo reparar o que fiz. Livrai-me, ó Pai clementíssimo, de todas as minhas iniquidades e pecados, para que inteiramente purificado mereça participar dos Santos Mistérios. E concedei que o vosso Corpo e o vosso Sangue, que eu embora indigno me preparo para receber, sejam perdão para os meus pecados e completa purificação de minhas faltas. Que eles afastem de mim os pensamentos maus e despertem os bons sentimentos; tornem eficazes as obras que vos agradam, e protejam meu corpo e minha alma contra as ciladas de meus inimigos.


Amém.

Pai Nosso

Ave Maria

Gloria

D: Bendigamos ao Senhor:

T: Demos graças a Deus.

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