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COMUNIDADE CRISTÃ


COMUNIDADE CRISTÃ

Num ambiente onde abundam as reivindicações que exigem uma fé particular de cada um, as comunidades cristãs de leigos se apresentam como alternativa para progredir em modelos diversificados de vida. Frente a uma sociedade de relações interesseiras e mercantis, as comunidades cristãs dão espaço a uma nova sensibilidade e a um modelo diferente de relacionamento humano.


O termo comunidade tem deixado de ser patrimônio exclusivo da linguagem religiosa e aparece unido a projetos tanto econômico como culturais. Muitas das vezes, essa palavra é usada com manifesto esquecimento das pessoas, nem sempre com mentalidade adequada ao critério agostiniano de antepor os interesses comuns aos próprios.


Falar de comunidade não responde a um modismo, e tampouco se trata de uma criação artificial. O ser humano se coloca, desde seu nascimento, na estrada que leva a socialização. A plenitude de nosso ser consiste em amar. “ O homem é, com efeito, por sua íntima natureza, um ser sociável, e não pode viver nem desenvolver suas qualidades sem relacionar-se com os outros” (Constituição sobre a Igreja no mundo atual 1,13). De tal modo isto é verdade, que a comunidade responde a uma das aspirações humanas mais profunda e se torna tarefa que abrange a vida toda. E isso seja no âmbito da vivência familiar seja no da comunidade laical. É um ideal, uma conquista somente atingível mediante uma clara consciência de que a ela pertencemos e de atitudes fortes de compreensão, de diálogo, de participação. Por isso, acaba sendo um aprendizado dinâmico e inovador que nunca chega ao fim.


A comunidade só se constrói contando com as pessoas. “Nós, pois, todos os que cremos, não somos congregados há um mesmo tempo, mas aos poucos, e cada um em particular, numa determinada cidade e numa população de Deus; todavia, também em cada um de nós em particular acontecem estas coisas que estão escritas e acontecem no povo. Assim, pois, o povo é soma dos indivíduos, porém os indivíduos não são a soma de uma população. Acaso um homem provém de vários povos? O povo se compõe de cada um dos homens cidadãos” (Comentários aos Salmos 106,3). Isto quer dizer que ser comunidade pressupõe que cada pessoa é ela mesma e, sem deixar sua originalidade, vive um projeto comum.


Por causa dos indivíduos é possível a existência da comunidade. A comunidade não surge de um programa maravilhoso, como tampouco de relações afetivas profundas, e sim de uma disposição de comunhão. “Somos chamados a união de corações e por ela devemos envidar todos os nossos esforços” ( Tratados sobre o Evangelho de São João 34,10).


Os pontos de vista humanos, estruturais e funcionais, são importantes, mas não podemos esquecer que o grande motivo de criar vínculos interpessoais agostinianos é o de “ter uma só alma e um só coração em direção a Deus” (Regra 1,3). Também o Vaticano II sugere vínculos espirituais na família, “ espécie de Igreja doméstica” (Lumem gentium 2,11), que vão além dos laços de sangue.


O laicato agostiniano não busca na comunidade tão-só amigos, nem formar um grupo isolado feito a medida de suas preferências e de sua sensibilidade religiosa. Formamos a comunidade ou fraternidade, porque é aí onde podemos viver de modo efetivo a espiritualidade de Santo Agostinho como meio privilegiado de conhecer e manifestar a vocação cristã. E não devemos esquecer que a comunidade inspirada no pensamento agostiniano tem seu ponto de referência na Igreja-comunhão, que leva a abertura e a co-responsabilidade na missão da Igreja.


Bibliografia:


Cf. Fraternidade Agostiniana Leiga. A caminho com Santo Agostinho. Publicações Agostinianas. Roma 2001.


Coordenador de estudos: Alexsandro Antonio de Moura

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